03 dezembro 2009

Uma questão de legitimidade

Gostava de saber:
Quem é que legitimou um governo para atribuir concessões por 40, 50, ... 75 anos?
Quem é que legitimou um governo para contrair dívidas que vão ser pagas em 20 ou mais anos e que, vão começar a ser pagas já fora do seu mandato eleitoral?
Quem é que legitimou um governo para hipotecar o futuro das próximas gerações, sobretudo quando os investimentos carecem de rentabilidade futura?
Como penso que o governo não me vai responder, passo a adiantar: NINGUÉM!
Ninguém lhe atribuiu poderes para fazer nenhuma destas coisas. Contudo, parece não se importar de as levar a prática, sem saber (porque não é vidente) se no futuro Portugal terá condições de satisfazer a dívida. Não importa que os nossos filhos passem dificuldades amanhã. O que importa agora é beneficiar "meia dúzia" de empresas (diz o tribunal de contas), comandadas por alguns amigos e que, eventualmente, terão patrocinado a campanha eleitoral.

02 dezembro 2009

Balanço Patriótico

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
[…]
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavra, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas(1), capazes de toda a veniaga(2) e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provêm que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, […]
A Justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara a ponto de fazer dela um saca-rolhas.
Dois partidos […], sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, na hora do desastre, de sacrificar […] ou meia libra ou uma gota de sangue, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.
Um partido […], avolumando ou diminuindo segundo os erros […], hoje aparentemente forte e numeroso, àmanhã exaurido e letárgico, água de pôça inerte, transbordando se há chuva, tumultuando se há vento, furiosa um instante, imóvel em seguida, e evaporada logo, em lhe batendo dois dias a fio o sol ardente; um partido composto sobretudo de pequenos burgueses […] adstritos ao sedentarismo crónico do metro e da balança, gente de balcão, não de barricada, com um estado maior pacífico e desconexo de vélhos doutrinários, moços positivistas, românticos, jacobinos e declamadores, homens de boa-fé, alguns de valia mas nenhum a valer. Um partido, enfim, de índole estreita, acanhadamente político-eleitoral, mais negativo que afirmativo, mais de demolição que de reconstrução, faltando-lhe um chefe de autoridade abrupta, uma dessas cabeças firmes e superiores, olhos para alumiar e boca para mandar, um desses homens predestinados, que são em crises históricas o ponto de intercepção de milhões de almas e vontades, acumuladores eléctricos da vitalidade duma raça, cérebros omnímodos(3), compreendendo tudo, adivinhando tudo, […], simultaneamente humanos e patriotas, do globo e da rua, […] que levam um povo de abalada, como quem leva ao colo uma criança.
Educação miserável, marinha mercante nula, indústria infantil, agricultura rudimentar.
[…]
Liberdade absoluta, neutralizada por uma desigualdade revoltante, o direito garantido virtualmente na lei, posto, de facto, à mercê dum compadrio de batoteiros, sendo vedado, ainda aos mais orgulhosos e mais fortes, abrir caminho nesta porcaria, sem recorrer à influência tirânica e degradante de qualquer dos bandos partidários.
[…]
E se a isto juntarmos um pessimismo canceroso e corrosivo, minando as almas, cristalizado já em fórmulas banais e populares, tão bons são uns como os outros, corja de pantomineiros, cambada de ladrões, tudo uma choldra, etc., etc., teremos em sintético esboço a fisionomia da nacionalidade portuguesa […].
[…]
A burguesia liberal, […], parasitagem burocrática, […], advogalhada de S. Bento, […], estradas, […], estações, inaugurações, locomotivas (religião do Progresso, como eles diziam), todo esse mundo de vista baixa, moralmente ordinário e intelectualmente reles, ia agora liquidar numa infecta débâcle de casa de penhores, num Alcácer-Quibir esfarrapado, de feira da ladra.
[…]
A crise não era simplesmente económica, política ou financeira. Muito mais: nacional. […]. Perigava a existência, a autonomia da pátria.
[…]
O português, apático e fatalista, ajusta-se pela maleabilidade da indolência a qualquer estado ou condição. Capaz de heroísmo, capaz de cobardia, toiro ou burro, leão ou porco, segundo o governante.
[…]
Se o Nazareno, entre ladrões, fosse hoje crucificado em Portugal, ao terceiro dia, em vez do Justo, ressuscitariam os bandidos. Ao terceiro dia? Que digo eu! Em 24 horas andavam na rua, [...]. "
Excerto das anotações finais do livro "Pàtria" de Guerra Junqueiro, 1896.
(1) Sevandijas – Parasitas, vermes imundos;
(2) Veniaga – Tramóia, negociata;
(3) Omnímodo – De todos os géneros ou modos, ilimitado

Deste texto, foram retiradas algumas partes com o objectivo de descontextualiza-lo temporalmente e com o intuito de demostrar a miserável actualidade de um texto com mais de 100 anos, mas que contudo, parece ter sido escrito ontém.

Infelizmente, fica bem patente que o problema de Portugal são os portugueses e a forma como se comportam intemporalmente. Por muito boa que seja a sua gente, não há país que resista a tanta letargia do povo e a tanta incompetência (para lhe chamar apenas isso) de quem o governa.

Não estamos condenados a condição inferior, mas temos que mudar muito para alcançarmos outros patamares. E quando falo de mudança, faço-o para mim próprio e para os outros 10 milhões de portugueses, não me refiro apenas à política. É um desígnio nacional e apartidário.

29 novembro 2009

As teias da Lei

As Leis são como as teias de aranha: Os pequenos insectos ficam presos, os grandes furam-nas.

19 novembro 2009

Contenção Salarial

Todos ouvimos ano após ano, o governo a apelar à contenção salarial. Eu pessoalmente acho muito bem. É que os mãos rotas dos nossos patrões, se não estiverem em cima deles, têm sempre a tentação de dar aumentos principescos aos funcionários.

Proibição de Simbolos Religiosos nas Salas de Aulas

Cartoon simplesmente delicioso.

17 outubro 2009

ERC - Estamos Radicalmente Confusos

A ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social - aprovou por unanimidade uma deliberação na qual lamenta a intervenção da Administração da TVI relativamente à suspensão do "Jornal Nacional" de Manuela Moura Guedes, decisão que a ERC diz invadir os limites da Direcção de Informação e ser contrária à lei.
Esta decisão faria algum sentido não tivesse esta entidade condenado em Maio desta ano a TVI, mais concretamente algumas das suas emissões do Jornal da Noite de sexta-feira, por desrespeito de normas ético-legais aplicáveis à actividade jornalística.
Isto é mais uma comédia assente na incompetência e falta de critério de quem compõe os órgãos reguladores em Portugal, pois ou não concordam com a linha do programa, ou não aprovam o fim do mesmo. Defender as duas coisas no espaço de 4 meses é que não pode ser aceitável.
Para mais, afirmaram que a deliberação se deve à oportunidade da suspensão do programa: 3 semanas antes das eleições legislativas. Mas, o que dizer do "timming" da decisão da ERC na semana depois das autárquicas?

16 outubro 2009

Maitê dançou

Eu até podia pensar que o video da Maité era uma tentativa de fazer humor, mas desde quando tem piada cuspir numa fonte de um monumento nacional de um país, que por acaso até é considerado património mundial pela UNESCO?

Com este gesto a actriz demonstrou o baixo nível que tem, seja qual tenha sido o objectivo do vídeo, mas as demais companheiras de programa também parecem não lhe ficar atrás.Na peça ficaram bem patentes:

  1. falta de respeito pelo alheio;
  2. grande ignorância;
  3. falta de sentido de responsabilidade;
  4. falta de inteligência.

Era uma personalidade respeitada em Portugal, mas por muito que ela venha pedir desculpa, o que ela fez/disse não vai ser esquecido.A palavra e o cuspe são como as pedras: depois de lançadas não voltam atrás.

P.S.: Os protestos surgem passados 2 anos, porque foi quando o vídeo em causa foi colocado no YouTube, porque, como disseram já alguns amigos brasileiros, o programa em que foi emitido parece ser de "bobagens", pelo que não deve haver muitos portugueses a assistir. Imagino que o povo brasileiro não gostava que o Ricardo Pereira fosse cuspir no Cristo Redentor. No fim até achei graça à apresentadora que comentava “Recebemos um e-mail (da Maitê), ela escreveu e dizia assim: Não estou conseguindo mandar e-mails de Portugal”. Sem dúvida cómico, se ela não consegue mandar e-mails como é que a outra o recebeu no Brasil?

21 setembro 2009

Merrill Lynch: O Despudor

O antigo presidente do banco norte-americano Merrill Lynch, afirmou ter sido “um erro” não ter comprado produtos baratos do Ikea para mobilar o banco.

“Decorámos [o Merrill Lynch] no estilo típico dos seus escritórios, que era muito, mas mesmo muito, bonito”, afirmou ontem John Thain, que é acusado de ter gasto demasiado dinheiro a mobilar os escritórios do banco, segundo avança a Bloomberg. “Isso foi um erro, e lamento tê-lo feito [a compra de móveis para o banco]. Se tivesse que o fazer novamente, teria mobilado o escritório com móveis do Ikea”, disse. O ex-CEO do Merrill Lynch adiantou ainda ter já reembolsado o banco pelos 1,2 milhões de dólares (818 mil euros) despendidos durante a redecoração de um escritório, duas salas de conferências e uma recepção do banco.Thain foi despedido quando o Bank of America adquiriu o Merrill Lynch no passado dia um de Janeiro, altura em que os montantes gastos com a nova mobília foram tornados públicos. Os gastos incluem 24 mil euros por uma cómoda, bem como 17 mil euros por um pedestal de mogno. O Ikea reagiu às afirmações de Thain indicando que este pode efectuar compras nas suas lojas sempre que quiser, tendo a porta-voz da empresa, Mona Astra Liss, se oferecido pessoalmente para mostrar “a grande quantidade de escolhas de mobiliário” oferecida pela empresa, e ainda para “lhe dar almôndegas suecas para comer”.

Diário Económico 2009.09.21
Este tipo de conduta só demonstra falta de consciência, a qual por sua vez, quando analisada à luz da realidade destes factos, comprova que o dinheiro gasto desta maneira não deve ter custado muito a ganhar. Ou seja, numa boa parte dos casos, a banca faz o que quer e lhe apetece, à custo do "Zé Povinho" e ainda lhes sobra tempo para defraudar os próprios accionistas.
Ah, e agora estamos pior que antes da crise. Eles ficaram a saber que se tiverem uma gestão fraudulenta, os governos metem-lhes a mão por baixo. Os Estados devem é por "a mão" em cima desta gente, porque se não o fizerem, vão ver onde é que vamos todos parar.
P.S.: Pelo menos nos E.U.A. estes senhores pagam por aquilo que fizeram. Por cá é aquilo que se vê.

19 setembro 2009

Bastidores Louça vs Sócrates

As coisas que se dizem quando não estão "no ar". O tipo é "engraçadinho" e não só .....

Moura Guedes: A Decisão

Quem não sabe o porquê do cancelamento do Jornal da "Manela" tem aqui a resposta ;´p

Dá-me o Telemóvel

  • "Dá-me o telemóvel!"
  • "Nã nã, nã nã..."
  • "Dá-me o telemóvel!"
  • "Nã nã, nã nã..."
  • "Dá-me o telemóvel!"
  • "Nã nã, nã nã..."
  • E alguém na turma diz:
  • "Oh gorda, sai da frente!"
  • Estou na minha aula, a apanhar uma seca
  • Quero ligar ao namorado para mandar uma queca
  • O raio da stôra nunca mais se cala
  • E estou a ficar sem rede na sala de aula
  • E então passei-me, peguei na cadeira
  • Deixei em delírio a turma inteira
  • A profe na lua, mandou-me para a rua
  • Mas eu caguei, não lhe liguei
  • E então fiquei, depois agarrei nela
  • E espetei-lhe com a cabeça na tela
  • E parte-se tudo a rir
  • Hey, hey, a velha vai cair!
  • "Dá-me o telemóvel!"
  • "Nã nã, nã nã..."

Prevenção ou Caça?

Há uns dias atrás participei numa festa, para a qual fui convidado por um amigo. Por adivinhar movimentação durante o convívio que necessitasse da utilização de um áutomóvel, fui comedido na ingestão de bebidas alcólicas, de modo a estar apto para conduzir em segurança e sem riscos de qualquer multa que viesse a estragar aquela tertúlia.
Tal como previsto, a comitiva decidiu a dada altura, que mudasse-mos de ambiente e dirigimos-nos para a viatura. No meio do caminho encontramos uma Operação Stop da P.S.P.. O "dono" da festa, resolveu solicitar a um dos agentes que lhe fizesse o teste de alcolémia para verificar se estava em condições de conduzir.
Surpreendentemente, o agente negou-se a realizar o teste, alegando que aparecem 20 a 30 pessoas todas as noites com esse pedido e que a intenção é escapar à coima e à sanção acessória. Imediatamente reagimos e perguntamos ao polícia se eles estavam a fazer prevenção rodoviária ou na caça à multa. Como resposta, foi-nos dito que o número de boquilhas que transportam são escrupulosamente contadas e que têm de justificar cada uma que é utilizada, pelo que não é possível efectuar o teste a cidadãos que não estejam "ao volante".
Ora bem, nos E.U.A. (país por quem não tenho nenhum apreço em especial) a autoridade solicita ao condutor que faça alguns teste físicos, como andar em cima de uma linha ou fixar os olhos numa caneta que é aproximada e afastada do rosto, de modo a avaliar o equilibrio e os reflexos do indivíduo. Só depois deste ter uma prestação negativa na avaliação prévia, é que será submetido ao teste de alcolémia. Ou seja, neste país interessa primeiro avaliar se o cidadão tem condições físicas para exercer a condução e apenas depois é que se preocupam com a quantidade de alcóol que consumiu. De facto, existem pessoas que depois de ingerirem uma cerveja ficam alcolizadas e outras que consumem três e não alteram as suas capacidades (de forma significativa).
Em Portugal o procedimento não é idêntico ao americano, pelo que é da mais elementar equidade proporcionar o exame de alcolémia a quem o solicitar antes de pegar no volante.
A polícia não deve ser fonte de receitas, mas sim de formação e prevenção. Pagamos impostos para isso e não para termos "arrecadadores de multas".
Mais uma vez aquilo que vemos nas televisões e lemos nos jornais é apenas uma fachada de uma verdade que querem esconder ao português comum a todo custo.

16 setembro 2009

Reflecções do Professor Medina Carreira

Vocês, comunicação social o que dão é esta conversa de «inflação menos 1 ponto», o «crescimento 0,1 em vez de 0,6»...
Se as pessoas soubessem o que é 0,1 de crescimento, que é um café por português de 3 em 3 dias... Portanto andamos a discutir um café de 3 em 3 dias...mas é sem açúcar... Eu não sou candidato a nada, e por conseguinte não quero ser popular. Eu não quero é enganar os portugueses. Nem digo mal por prazer, nem quero ser «popularucho» porque não dependo do aparelho político!
Ainda há dias eu estava num supermercado, numa bicha para pagar, e estava uma rapariga de umbigo de fora com umas garrafas, e em vez de multiplicar «6x3=18», contava com os dedos: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9... Isto é ensino...é falta de ensino, é uma treta! É o futuro que está em causa! Os números são fatais. Dos números ninguém se livra, mesmo que não goste. Uma economia que em cada 3 anos dos últimos 27, cresceu 1% em 2 ... esta economia não resiste num país europeu. Quem anda a viver da política para tratar da sua vida, não se pode esperar coisa nenhuma. A causa pública exige entrega e desinteresse.
Se nós já estamos ultra-endividados, faz algum sentido ir gastar este dinheiro todo em coisas que não são estritamente indispensáveis? Para gente ir para o Porto ou para Badajoz mais depressa 20 minutos? Acha que sim? A aviação está a sofrer uma reconversão, vamos agora fazer um aeroporto, se calhar não era melhor aproveitar a Portela? Quer dizer, isto está tudo louco!
Eu por mim estou convencido que não se faz nada para pôr a Justiça a funcionar porque a classe política tem medo de ser apanhada na rede da Justiça. É uma desconfiança que eu tenho. E então, quanto mais complicado aquilo for... Nós tivemos nos últimos 10-12 anos 4 Primeiros-Ministros: -Um desapareceu; -O outro arranjou um melhor emprego em Bruxelas, foi-se embora; -O outro foi mandado embora pelo Presidente da República; -E este coitado, anda a ver se consegue chegar ao fim e fazer alguma coisa...
O João Cravinho tentou resolver o problema da corrupção em Portugal. Tentou. Foi "exilado" para Londres. O Carrilho também falava um bocado, foi para Paris. O Alegre depois não sei para onde ele irá... Em Portugal quem fala contra a corrupção ou é mandado para um "exílio dourado", ou então é entupido e cercado. Mas você acredita nesse «considerado bem»? Então, o meu amigo encomenda aí uma ponte que é orçamentada para 100 e depois custa 400? Não há uma obra que não custe 3 ou 4 vezes mais? Não acha que isto é um saque dos dinheiros públicos? E não vejo intervenção da polícia... Há-de acreditar que há muita gente que fica com a grande parte da diferença!
De acordo com as circunstâncias previstas, nós por volta de 2020 somos o país mais pobre da União Europeia. É claro que vamos ter o nome de Lisboa na estratégia, e vamos ter, eventualmente, o nome de Lisboa no tratado. É, mas não passa disso. É só para entreter a gente...
Isto é um circo. É uma palhaçada. Nas eleições, uns não sabem o que estão a prometer, e outros são declaradamente uns mentirosos: -Prometem aquilo que sabem que não podem.
A educação em Portugal é um crime de «lesa-juventude»: Com a fantasia do ensino dito «inclusivo», têm lá uma data de gente que não quer estudar, que não faz nada, não fará nada, nem deixa ninguém estudar. Para que é que serve estar lá gente que não quer estudar? Claro que o pessoal que não quer estudar está lá a atrapalhar a vida aqueles que querem estudar. Mas é inclusiva.... O que é inclusiva? É para formar tontos? Analfabetos? Os exames são uma vergonha. Você acredita que num ano a média de Matemática é 10, e no outro ano é 14? Acha que o pessoal melhorou desta maneira? Por conseguinte a única coisa que posso dizer é que é mentira! Está-se a levar a juventude para um beco sem saída. Esta juventude vai ser completamente desgraçada!
A minha opinião desde há muito tempo é TGV- Não! Para um país com este tamanho é uma tontice. O aeroporto depende. Eu acho que é de pensar duas vezes esse problema. Ainda mais agora com o problema do petróleo. "Bragança não pode ficar fora da rede de auto-estradas? Não? Quer dizer, Bragança fica dentro da rede de auto-estradas e nós ficamos encalacrados no estrangeiro? Eu nem comento essa afirmação que é para não ir mais longe... Bragança com uma boa estrada fica muito bem ligada. Quem tem interesse que se façam estas obras é o Governo Português, são os partidos do poder, são os bancos, são os construtores, são os vendedores de maquinaria... Esses é que têm interesse, não é o Português!
Nós em Portugal sabemos é resolver o problema dos outros: A guerra do Iraque, do Afeganistão, se o Presidente havia de ter sido o Bush, mas não sabemos resolver os nossos. As nossas grandes personalidades em Portugal falam de tudo no estrangeiro: criticam, promovem, conferenciam, discutem, mas se lhes perguntar o que é que se devia fazer em Portugal nenhum sabe. Somos um país de papagaios... Receber os prisioneiros de Guantanamo? «Isso fica bem e a alimentação não deve ser cara...» Saibamos olhar para os nossos problemas e resolvê-los e deixemos lá os outros... Isso é um sintoma de inferioridade que a gente tem, estar sempre a olhar para os outros. Olhemos para nós!
A crise internacional é realmente um problema grave, para 1-2 anos. Quando passar lá fora, a crise passará cá. Mas quando essa crise passar cá, nós ficamos outra vez com os nossos problemas, com a nossa crise. Portanto é importante não embebedar o pessoal com a ideia de que isto é a maldita crise. Não é!
Nós estamos com um endividamento diário nos últimos 3 anos correspondente a 48 milhões de euros por dia: Por hora são 2 milhões! Portanto, quando acabarmos este programa Portugal deve mais 2 milhões! Quem é que vai pagar? Isso era o que deveríamos ter em grande quantidade. Era vender sapatos. Mas nós não estamos a falar de vender sapatos. Nós estamos a falar de pedir dinheiro emprestado lá fora, -lo a circular, o pessoal come e bebe, e depois ele sai logo a seguir...
Ouça, eu não ligo importância a esses documentos aprovados na Assembleia... Não me fale da Assembleia, isso é uma provocação... Poupe-me a esse espectáculo...
Isto da avaliação dos professores não é começar por lado nenhum. Eu já disse à Ministra uma vez «A senhora tem uma agenda errada» Porque sem pôr disciplina na escola, não lhe interessa os professores. Quer grandes professores? Eu também, agora, para quê? Chegam lá os meninos fazem o que lhes dá na cabeça, insultam, batem, partem a carteira e não acontece coisa nenhuma. Vale a pena ter lá o grande professor? Ele não está para aturar aquilo... Portanto tem que haver uma agenda para a Educação. Eu sou contra a autonomia das escolas. Isso é descentralizar a «bandalheira».
Há dias circulava na Internet uma notícia sobre um atleta olímpico que andou numa "nova oportunidade" uns meses, fez o 12ºano e agora vai seguir Medicina... Quer dizer, o homem andava aí distraído, disseram «meta-se nas novas oportunidades» e agora entra em Medicina... Bem, quando ele acabar o curso já eu não devo cá andar felizmente, mas quem vai apanhar esse atleta olímpico com este tipo de preparação... Quer dizer, isto é tudo uma trafulhice...
É preciso que alguém diga aos portugueses o caminho que este país está a levar. Um país que empobrece, que se torna cada vez mais desigual, em que as desigualdades não têm fundamento, a maior parte delas são desigualdades ilegítimas para não dizer mais, numa sociedade onde uns empobrecem sem justificação e outros se tornam multi-milionários sem justificação, é um caldo de cultura que pode acabar muito mal. Eu receio mesmo que acabe.
Até há cerca de um ano eu pensava que íamos ficar irremediavelmente mais pobres, mas aqui quentinhos, pacíficos, amiguinhos, a passar a mão uns pelos outros... Começo a pensar que vamos empobrecer, mas com barulho... Hoje, acrescento-lhe só o «muito». Digo-lhe que a gente vai empobrecer, provavelmente com muito barulho... Eu achava que não havia «barulho», depois achava que ia haver «barulho», e agora acho que vai haver «muito barulho». Os portugueses que interpretem o que quiserem...
Quando sobe a linha de desenvolvimento da União Europeia sobe a linha de Portugal. Por conseguinte quando os Governos dizem que estão a fazer coisas e que a economia está a responder, é mentira! Portanto, nós na conjuntura de médio prazo e curto prazo não fazemos coisa nenhuma. Os governos não fazem nada que seja útil ou que seja excessivamente útil. É só conversa e portanto, não acreditem... No longo prazo, também não fizemos nada para o resolver e esta é que é a angústia da economia portuguesa.
Tudo se resume a sacar dinheiro de qualquer sítio. Esta inter-penetração do político com o económico, das empresas que vão buscar os políticos, dos políticos que vão buscar as empresas... Isto não é um problema de regras, é um problema das pessoas em si... Porque é que se vai buscar políticos para as empresas? É o sistema, é a (des)educação que a gente tem para a vida política... Um político é um político. E um empresário é um empresário. E não deve haver confusões entre uma coisa e outra. Cada um no seu sítio. Esta coisa de ser político, depois ministro, depois sai, vai para ali, tira-se de acolá, volta-se para ministro...é tudo uma sujeira que não dá saúde nenhuma à sociedade.
Este país não vai de habilidades nem de espectáculos. Este país vai de seriedade. Enquanto tivermos ministros a verificar preços e a distribuir computadores, eles não são ministros! Eles não são pagos nem escolhidos para isso! Eles têm outras competências e têm que perceber quais os grandes problemas do país!
Se aparece aqui uma pessoa para falar verdade, os vossos comentadores dizem «este tipo é chato, é pessimista».... Se vem aqui outro trafulha a dizer umas aldrabices fica tudo satisfeito... Vocês têm que arranjar um programa onde as pessoas venham à vontade, sem estarem a ser pressionadas, sossegadamente dizer aquilo que pensam. E os portugueses se quiserem ouvir, ouvem. E eles vão ouvir, porque no dia em que começarem a ouvir gente séria e que não diz aldrabices, param para ouvir.
O Português está farto de ser enganado!
Todos os dias tem a sensação que é enganado!

29 julho 2009

Jurisprudência: As pedras também já ganham

O jogo de decisão do último campeonato de juniores português "Sporting Clube de Portugal VS Sport Lisboa e Benfica", foi interrompido após incidentes de violência entre os adeptos destes dois clubes.
Tudo começou com o arremesso de pedras por parte dos aficionados do S.L.B., os quais obtiveram resposta do lado do S.C.P..
Nas entrevistas televisivas foi possível testemunhar vários depoimentos de adeptos do Benfica, assumindo que só tinham viajado até Alcochete para acabar com o jogo. Absurdo e intolerável.
Mas, pior que os acontecimentos, só a divina decisão do conselho de justiça da FPF: o jogo não é repetido e o título de campeão é atribuído ao SLB.
Que a moral, ética e bons costumes estão arredados há muito dos campos de futebol e das sedes dos clubes já todos sabemos, mas agora parece que também fugiram dos órgãos judiciais deste desporto, se é que alguma vez lá estiveram.
Certo é que desta vez foram longe. Conseguiram premiar os criminosos, quando deveriam condená-los.
Parece que para o Benfica vencer vale tudo, até tirar olhos. Perdão atirar pedras!
O pior nisto tudo, se a situação ficar resolvida desta maneira, é que foi feita jusrisprudência. No futuro, quando uma equipa estiver na frente de um campeonato, mas em situação de poder perdê-lo no último jogo, tudo vai ficar fácil: É ACABAR COM O JOGO AOS 15 MINUTOS À BASE DA PEDRADA!
E ainda querem que alguém vá ao futebol ...
Bem, se calhar parte dos problemas resolvem-se dando no início do ano o troféu de campeão ao SLB (porque existe e é o maior) e depois deixando os outros jogar para a taça do 2º lugar.

17 julho 2009

CIT - Banco centenário às portas da falência nos EUA

"A instituição de crédito comercial norte-americana CIT anunciou hoje que provavelmente não irá ser resgatada pelo Governo dos Estados Unidos, aumentando a especulação de que irá declarar falência. As negociações com as autoridades reguladoras fracassaram e “não existem perspectivas apreciáveis de novo apoio governamental”, afirmou hoje o centenário grupo financeiro em comunicado, citado pela Bloomberg. O Grupo CIT, que já foi a maior instituição de crédito comercial dos Estados Unidos, poderá assim declarar falência se o governo dos EUA não intervier, afirmou esta semana a agência de notação internacional Standard & Poor’s. No documento, o CIT diz que está a “avaliar as suas alternativas”. “A alternativa mais viável, se o governo não intervier, é uma viagem até à falência”, disse Adam Steer, analista da CreditSights, à Bloomberg. O CEO do CIT, Jefferey Peek, terá assim fracassado na sua tentativa de convencer as autoridades reguladoras de que o colapso da instituição que lidera poderia ameaçar o sistema financeiro, já que o Tesouro, a Reserva Federal e a Corporação de Garantia de Depósitos recusaram-se a colocar em risco mais dinheiro dos contribuintes na empresa para além dos 2,33 mil milhões de dólares que foram injectados na instituição em Dezembro para tentar impedir que esta falisse."
Diário Económico 2009.07.16
Faço uma comparação: A CGD já injectou 2.500 milhões de euros no minúsculo BPN, os americanos (que são evidentemente, muito mais pequenos que nós) acham que não devem ir além de 2.330 milhões de dólares (aproximadamente 1.600 milhões de euros) para um banco de dimensão incumensuravelmente maior que o nosso BPN.
Nós é que somos ricos!!
E bananas .....

15 julho 2009

China - Nem bom vento, nem bom casamento

Está na hora de dar uma machadada na cimeira do Uruguai. Pelo menos no que diz respeito à China.
Se as condições de troca não são semelhantes, temos que as tornar. Subam as barreiras alfandegárias rápidamente.
O ocidente tem todos os motivos e mais alguns para o fazer em relação à China, onde é recorrente:
- Desrespeito pela propriedade industrial;
- Desrespeito pelas normas de segurança dos produtos;
- Falsificação de certificados de segurança;
- Apoios governamentais indevidos;
- Fraude fiscal;
- Capitalismo selvagem;
- Escravatura laboral dos tempos modernos;
- Péssima qualidade/quantidade das matérias-primas aplicadas;
- Processos produtivos muito artesanais, mesmo em produtos electronicos;
- .................................... .
Cuido que não é preciso dizer mais nada.

25 maio 2009

Forças de (In)Segurança

Se perguntassem há vinte anos atrás a uma criança o que é que fazia um polícia, ela responderia que "ele apanha ladrões". Se fizerem a mesma pergunta a uma criança dos dias de hoje, ela responderá "ele passa multas".
Os critérios e os objectivos estão completamente invertidos. Pouca investigação criminal se faz, pouca prevenção se vê. O que notamos é uma inércia enorme em relação aos crimes e aos criminosos e uma PERSEGUIÇÃO INCANSÁVEL AOS CIDADÃOS HONESTOS QUE LHES PAGAM O SALÁRIO.
Quando é que voltamos a ter forças de segurança?

Toma lá

Marinho Pinto afirmou que "98% dos polícias à noite estão nas suas casa. É preciso haver polícias na rua à noite, fardados."
Eu apenas acrescentaria que os restantes 2% ou estão na esquadra, ou estão a fazer testes de alcolémia. Rondas ....., ficam em Espanha.

24 maio 2009

Onde estão os Guarda Costas?

Não tenho tido tempo para escrever, pelo que me debruço sobre um tema com 3 semanas, mas ainda actual. O candidato do P.S. Vital Moreira foi agredido no 1º de Maio.

Mais uma vez não consigo percebe porque é que o Partido Socialista não demite os guarda-costas dos seus candidatos eleitorais. Se não me falha a memória, este é o quarto candidato Socialista a ser agredido durante campanhas: Mário Soares em 1986 e 2006 ((2ª e 1ª Volta das presidenciais, respectivamente); Soares Franco em Junho de 2004 e Vital Moreira em Maio de 2009. Começa a parecer demasiada incompetência ou dos operacionais de segurança, ou de quem manda neles, sobretudo se tiver em atenção que não me lembro de nenhum candidato de outro partido que tenho sido agredido nos últimos 25 anos.

Certamente os outros partidos definem melhor os percursos. Porém, dou comigo a pensar porque será que as agressões aparecem só em eleições difícieis, ou será que não tem nada a ver?

Passou-me também pelo cabeça que a situação actual do país potenciaria um 1º de Maio com várias manifestações anti-governamentais em vésperas de eleições. Com um caso destes ninguém deu mais voz aos protestos e centraram-se nas agressões e no agredido. Neste caso específico os incidentes ainda cairam melhor às vítimas.

Não acredito em filmes, mas apeteceu-me fazer uma mini-metragem.

Filhos de um Deus menor

Depois dos acontecimentos recentes no Bairro da Bela Vista e de vários outros em Bairros problemáticos, dei comigo a pensar que se fala muito da nossa obrigação de deixar um mundo melhor para os nossos filhos, mas parece que muita gente se esquece da premência de deixar melhores filhos para o nosso planeta.

21 abril 2009

Combate à Currrupção: Assine a Petição

A petição insta a Comissão Europeia e os Estrados Membros da União Europeia (UE) a propor legislação e mecanismos de combate à corrupção, em particular nas relações da UE com países terceiros.Nos países em vias de desenvolvimento ricos em recursos naturais os montantes subtraídos ao Estado chegam, por vezes, a igualar os valores da dívida nacional. A corrupção ao mais alto nível reduz a capacidade de muitos Estados para garantir serviços básicos às populações, como o direito à alimentação, habitação, saúde e educação.Lutar contra a corrupção é, por isso, uma questão de direitos humanos. E toca a todos, porque todos pagamos.

Stop Corruption - Assine a Petição

Assine em http://www.stopcorruption.eu/

10 abril 2009

O PRESIDENTE ETERNO

Como o líder da Região Autónoma da Madeira se mantém no poder há 30 anos.
Alberto João Jardim, 65 anos, é um político fora do comum, que ostenta o recorde mundial de permanência no poder em democracia. Nada mais, nada menos que 30 anos como presidente do Governo Regional da Madeira, entidade autónoma de soberania portuguesa, vencendo eleições após eleições, sempre com maioria absoluta. Apenas Muammar Kaddafi acumula mais tempo como líder supremo da Líbia (39 anos), mas o Coronel nunca se submeteu ao veredicto das urnas de voto.
O dinheiro da U.E. e do fundo português de insularidade ajudam Jardim a ganhar uma eleição após outra.
Adorado e odiado, Jardim não deixa ninguém indiferente. O seu carácter burlesco e o talento dirigente levam-no a depreciar, insultar e incomodar os seus adversários políticos e também quem pertence à sua facção, o Partido Social Democrata (PSD). Estas características pessoais não são impedimento para que o presidente do Governo Regional da Madeira seja membro das mais altas instâncias portuguesas, como o Conselho de Estado e o Conselho Superior da Defesa Nacional.
Jardim é um produto genuinamente madeirense, catapultado em partes iguais pela Igreja e pelo antigo regime. Durante a ditadura foi o protegido do Rosto do Salazarismo na Madeira, o seu tio Agostinho Cardoso, cujo pensamento de Direita ficou bem reflectido nas colunas, por vezes incendiárias, que publicava em A Voz de Madeira, porta-voz do ditador na ilha. Hoje, Jardim é o cabeça do PSD local, cuja versão madeirense pouco tem a ver com o primeiro partido da oposição à escala nacional em Portugal. Na Madeira, são do PSD os velhos quadros do salazarismo que conservão os cargos locais. Trinta anos no poder e o povo continua a votar nele. Qual é o segredo do êxito? O dinheiro, em primeiro lugar. A madeira é desde há décadas a região portuguesa que, proporcionalmente, mais tem beneficiado da solidariedade nacional e da União Europeia. O regime autonómico permite-lhe arrecadar integralmente todos os impostos cobrados no arquipélago, sem devolver nada a Lisboa; o Estado português contribui com 300 milhões de euros por ano para compensar os efeitos da insularidade; e durante décadas, a U.E. injectou grandes somas de dinheiro: 2.000 milhões de euros em fundos comunitários nos últimos 15 anos. Com esta almofada, quem é que não ganha eleições com maioria absoluta? “Nesta condições, nem o Papa seria capaz de derrotar Jardim”, afirmou o deputado socialista Carlos Pereira, um dos seus críticos mais mordazes. No meio do Atlântico, a 313 milhas marítimas da terra firme mais próxima (a costa africana) e a duas horas de voo de Lisboa, está a ilha da Madeira, com 200.000 habitantes. Outros 600.000 vivem no estrangeiro como emigrantes, repartidos sobre tudo entre a Venezuela e a África do Sul. Destino tradicional do turismo da terceira idade, com predomínio britânico, escala de grandes cruzeiros que atravessam o Atlântico, a ilha mudou a sua face nos últimos 30 anos, deixando para trás parte da pobreza ancestral, com a construção de túneis, viadutos e vias rápidas que permitem o acesso até às zonas mais remotas. A obra pública foi desde o primeiro dia a grande aposta dos Governos de Jardim. Contava para isso com os grandiosos fundos recebidos desde Lisboa e Bruxelas. "Com milhões faço inaugurações, com inaugurações ganho eleições", foi o lema que lhe permitiu triunfar por maioria absoluta em nove campanhas consecutivas. Desrespeitando as recomendações do Tribunal Constitucional, as inaugurações converteram-se em actos de campanha, com comidas pagas à população.
Na Madeira, a linha que separa meios de comunicação e propaganda é imperceptível. O Telejornal da cadeia pública RTP Madeira é conhecido popularmente como TeleJardim. Da dezena de emissoras de rádio privadas, todas recebem subsídios do Estado. O Jornal de Madeira, á muito propriedade da Igreja, é o único diário estatal em Portugal como instrumento de propaganda política. A lei impede que seja gratuito, pelo que se vende a um preço simbólico de 10 cêntimos.
"Jardim ganha sempre porque tem uma máquina de propaganda gigantesca. Aparece todos os dias na televisão local, a onde não existem debates. A imprensa está amordaçada e tem medo a informar", disse Carlos Pereira, porta-voz do partido socialista no Parlamento regional, que sentiu na própria pele o clima político extenuante para os dissidentes que impera na Madeira. En 2005 era director do Centro Internacional de Negócios, zona franca livre de impostos, quando decidiu candidatar-se à presidência da câmara do Funchal nas eleições municipais daquele ano. "Perdi devido a uma tremenda campanha do medo. Mas o mais grave foi a perseguição pessoal e a discriminação social. Até o grupo de amigos com os quais passava os domingos se afastou de mim. Finalmente, conseguiram a minha demissão de director da Zona Franca".
Os 30.000 funcionários repartidos pelas dependências da administração regional, municípios e pelos serviços da República são um pilar fundamental do regime de Jardim. É um número que fala por si, se atendermos a que para uma população activa de 120.000 pessoas ele representa 23,9% do emprego na Madeira. Não é preciso perguntar em quem vota este exército de burocratas a cada eleição.
Os ministros raramente comparecem para apresentar contas. E temas não faltam. A dívida global, por exemplo, ascende a 3.000 milhões de euros, o que equivale a metade do PIB regional. Quando o presidente aparece no parlamento, o regulamento autoriza que ele fale sem limite de tempo e não o obriga a responder a eventuais perguntas dos deputados. O debate prima pela sua ausência num Parlamento que não exerce as suas funções de fiscalização, e em cuja mesa apenas está representado o PSD, partido do governo. Suas senhorias, não estão ainda sujeitas a nenhum regime de incompatibilidades, caso único em Portugal, o que lhes permite fazer negócios à margem do Governo.
"A democracia é uma aparência na Madeira", afirma João Marques de Freitas, ex-fiscal general adjunto, que reconhece que a maneira de viver tranquilo é "não meter-se na política". Por isso, "o melhor é falar de futebol e de Cristiano Ronaldo".
Para anomalias temos a registada no mês passado numa sessão plenária do parlamento, em que o deputado José Manuel Coelho, do partido da oposição “Partido da Nova Democracia” (PND), acusou o Governo de Jardim de "nazi-fascista", exibindo depois uma bandeira com a cruz suástica. No dia seguinte, agentes da segurança privada impediram a entrada do deputado nas dependências parlamentárias.
A oposição, seja de esquerda ou de direita, concorda que o regime político da Madeira tem todos os tiques de uma república das bananas. Em plena Europa. "O Governo confunde maioria absoluta com poder absoluto", confessa José Manuel Rodrigues, presidente do Centro Democrático Social (CDS), o partido que exerce como oposição de direita.
Pese a unanimidade das críticas, que o presidente Jardim recusou comentar nas páginas deste jornal, em 30 anos não apanhou pela frente um opositor. A explicação, provavelmente, não devemos procura-la na Madeira, mas sim em Lisboa, Onde há um grande desconhecimento e desinteresse sobre o que ocorre naquela ilha do Atlântico. "Não há vontade política para olhar a Madeira como parte de Portugal", lamenta Carlos Pereira. Tradução da reportagem de FRANCESC RELEA 25/01/2009 “El País”

18 fevereiro 2009

Os Spreads, a Banca e o BES

Todos os bancos têm vindo a aumentar spreads nos seus empréstimos às empresas e também, em alguns casos, a particulares. Dadas as condições actuais dos mercados, estas subidas são justificáveis nos créditos de curto prazo e porquê? Em 1º lugar, porque existe uma grave crise de confiança nos mercados financeiros, promovendo falta de liquidez e forçando os bancos a recorrer a outros meios de funding mais caros que a Euribor. Em 2º porque sendo o Spread a margem do banco, esta tem duas vertentes: remunerar o empréstimo em si e receber um prémio pelo risco inerente ao mesmo. É evidente que se o proponente a um empréstimo tiver um risco mais elevado, o seu spread vai reflectir essa análise e será mais também mais alto.
Acontece que alguns bancos (não todos) da praça, com maior evidência para o BES, têm vindo a aumentar os spreads aos seus clientes de forma escandalosa. Este banco tem manifestado uma dimensão ética pouco recomendável e sem par na praça onde actua. Aumenta spreads de empréstimos de médio/longo prazo (algo inédito); envia cartas aos seus clientes sem data a informar de aumentos dos preços nos períodos seguintes, mas quando o cliente vai fazer contas o aumento foi activado no período já em curso; aumenta comissões de processamento de contratos de leasing já em curso; quando são consultados para uma cotação de um leasing não respondem com clareza em todos os custos inerentes, apenas informam do montante da prestação, não referem o spread, comissões de processamento, de gestão ou de abertura do contrato e quando os interrogamos dizem que o cliente está isento ou lá por perto mas, quando lhes entregam o contrato lá vêm duzentos e tal euros de comissão de abertura e o cliente não pode reclamar, porque nunca assumem nada por escrito, apenas verbalmente, não tendo o cliente meio de fazer prova (as escutas não são válidas) e porque depois não assumem aquilo que sustentaram ao cliente. Resumindo. Muito cuidado com a banca em geral, que têm tendência para, tal como um ilusionista, por à vista do cliente apenas aquilo que lhe interessa e esconder tudo o que é nefasto para este (aquilo que eu chamo os “invisíveis”), mas muito atenção ao BES, que tem demonstrado não olhar a meios para atingir os seus objectivos.

Estudos sobre as cotações de Matérias-primas e a OPEP

A grande maioria dos estudos sobre a evolução do preço das matérias-primas apenas serve para criar pressões e expectativas nos mercados. Parecem que são encomendados por alguém para que os agentes reajam a estas “notícias” e comecem desde logo a fazer encomendas da commodity, fazendo subir a procura desta e, por consequência, o seu preço de mercado. Tudo isto tem a agravante de numa época de turbulência e crise global, os mercados de capitais estarem em baixa contínua e de os tradicionais investidores não terem onde aplicar o seu dinheiro com algum grau de certeza de retorno, abrindo o “apetite” destes últimos para as opções de compra de petróleo, aumentando a sua procura e fomentando a especulação.
Deixo ainda claro que a OPEP representa cerca de 40% da produção mundial de petróleo e que, em minha opinião, não é um verdadeiro cartel. De uma forma simplista, para atingir o seu objectivo de maximização dos seus lucros, um cartel tem de ser homogéneo quanto aos membros que o constituem, o que só é possível quando estão envolvidas empresas. Como no caso da OPEP os membros são países, é evidente que a sua dimensão, população, evolução social, religião e modelos políticos são suficientemente divergentes para colocar em causa a sua homogeneidade, não deixando de lado que as reservas, capacidades e custos produtivos de cada estado membro também são muito discrepantes, pelo que existe sempre a tentação de alguns membros para “furar” as decisões da organização.
Mais, a influência da OPEP no mercado é relativa. Dados históricos provam que, por si só, não consegue influenciar alterações significativas nos mercados e que são os acontecimentos e as conjunturas globais que determinam o rumo dos preços do petróleo. Lanço um apelo para que os consumidores mantenham ou reduzam os seus consumos para os mínimos possíveis, conduzindo em velocidades moderadas, evitando a utilização da viatura própria quando é o único passageiro, poupando electricidade, …, de forma a que a procura real não venha a pressionar os preços.