Todos os bancos têm vindo a aumentar spreads nos seus empréstimos às empresas e também, em alguns casos, a particulares.
Dadas as condições actuais dos mercados, estas subidas são justificáveis nos créditos de curto prazo e porquê?
Em 1º lugar, porque existe uma grave crise de confiança nos mercados financeiros, promovendo falta de liquidez e forçando os bancos a recorrer a outros meios de funding mais caros que a Euribor. Em 2º porque sendo o Spread a margem do banco, esta tem duas vertentes: remunerar o empréstimo em si e receber um prémio pelo risco inerente ao mesmo. É evidente que se o proponente a um empréstimo tiver um risco mais elevado, o seu spread vai reflectir essa análise e será mais também mais alto.
Acontece que alguns bancos (não todos) da praça, com maior evidência para o BES, têm vindo a aumentar os spreads aos seus clientes de forma escandalosa. Este banco tem manifestado uma dimensão ética pouco recomendável e sem par na praça onde actua. Aumenta spreads de empréstimos de médio/longo prazo (algo inédito); envia cartas aos seus clientes sem data a informar de aumentos dos preços nos períodos seguintes, mas quando o cliente vai fazer contas o aumento foi activado no período já em curso; aumenta comissões de processamento de contratos de leasing já em curso; quando são consultados para uma cotação de um leasing não respondem com clareza em todos os custos inerentes, apenas informam do montante da prestação, não referem o spread, comissões de processamento, de gestão ou de abertura do contrato e quando os interrogamos dizem que o cliente está isento ou lá por perto mas, quando lhes entregam o contrato lá vêm duzentos e tal euros de comissão de abertura e o cliente não pode reclamar, porque nunca assumem nada por escrito, apenas verbalmente, não tendo o cliente meio de fazer prova (as escutas não são válidas) e porque depois não assumem aquilo que sustentaram ao cliente.
Resumindo. Muito cuidado com a banca em geral, que têm tendência para, tal como um ilusionista, por à vista do cliente apenas aquilo que lhe interessa e esconder tudo o que é nefasto para este (aquilo que eu chamo os “invisíveis”), mas muito atenção ao BES, que tem demonstrado não olhar a meios para atingir os seus objectivos.