Não tenho nenhuma filiação partidária, pelo que não devo “obediência” de voto a nenhum partido político (se bem que o voto é secreto), nem estou coagido por nenhum potencial interesse pessoal.
Este desapego pessoal sempre permitiu o exercício do meu direito/dever de voto no mais livre espírito e de acordo com a minha consciência.
Mas as opções são muitas vezes difíceis e estas foram as eleições em que, para mim, foi mais crítico decidir em quem votar.
Em quem não votar, nunca tive quaisquer dúvidas porque:
nunca me identifiquei com a mensagem ou a postura do partido comunista;
o bloco de esquerda deixou cair a máscara;
das demagogias do Paulo Portas estou eu cansado, desde os tempos de “O Independente”.
Assim, entre os partidos com representação parlamentar, restavam apenas 2, PS e PSD.
O PS esteve no governo durante 13 dos últimos 16 anos e é, desde logo possível imputar-lhe uma enorme quota da responsabilidade do estado actual do país. Como agravante, o candidato socialista e 1º ministro cessante é um artista do espectáculo, que cometeu inúmeros erros (também fez algumas coisas certas, mas até os relógios parados estão certos duas vezes ao dia …), mas que por força de uma habilidade notória para a mentira e de um descaramento enorme, tanto mentiu, tanto ocultou, que não só enganou muitos, durante muito tempo, como também se iludiu a ele próprio. Entregar o “processo de recuperação da empresa” ao gestor que a faliu seria, no mínimo, insensato.
O PSD apresentou como candidato um ex-lider da JSD, Pedro Passos Coelho. Este será porventura o líder mais liberal de sempre deste partido e a equipa que o acompanha aproxima-se perigosamente do ultraliberalismo. Nunca tive com receio da destruição do estado-social que muitos os acusaram, mas que vão entregar muito coisa nas mãos dos “amigos” privados e que vão reduzir muitos benefícios, não tenho quaisquer dúvidas, como também não tenho acerca das alterações que se perspectivam nas leis laborais: serão penalizadoras na parte material mas, sobretudo, na sua qualidade de vida dos trabalhadores.
Portanto, as opções foram entre o desastroso e o péssimo. Nada fácil!