26 julho 2005

Só ares de presidenciais.

Tenho seguido com relativa atenção as notícias sobre os eventuais candidatos presidenciais e fiquei pasmado com a recente opção do PS. Não é que este partido vai recorrer ao seu líder histórico para tentar evitar que, pela primeira vez, a direita eleja o P.R.. Horripilante.
Antes de qualquer outro comentário, quero salvaguardar que Mário Soares é uma personalidade pela qual nutro o maior respeito e grande simpatia, nada tendo contra a sua pessoa ou particularmente, contra a sua candidatura.
As opções - civis - do partido socialista em todas as eleições presidenciais anteriores recairam sobre secretários gerais (Soares e Sampaio), assim resta como recurso análogo e não repetitivo António Guterres e António Almeida Santos. Mas, o 1º está na ONU e o 2º, já perdeu eleições para Cavaco (1985) e está conotado com o processo de descolonização de triste memória (não por si mesma, mas pela forma como foi conduzida), que ainda hoje poderá ter efeitos negativos numa candidatura sua.
Um partido que está no governo, que venceu as eleições legislativas com maioria absoluta à menos de 6 meses, que sempre se propôs como alternativa credível a timoneiro deste país, demonstra ao fazer uma opção como esta, quão parca é a sua fonte de recursos credíveis para lugares como este. Mais, denota uma confrangedora falta de capacidade para produzir personalidades de vulto que consigam reunir um consenso em torno de si. Se Soares for o candidato apoiado pelo P.S., temo pela democracia portuguesa, temo pelo futuro do país. Quem teve 10 anos para prepar um candidato presidencial credível e apresenta um fundador com a respeitável idade de 81 anos, que país é que nos preparará em 4 anos?